Contrato de Trabalho vs. Prestação de Serviços: Diferenças

É ainda comum encontrarmos situações de falsos recibos verdes, um regime de prestação de serviços que, esconde uma relação laboral típica. Esta prática é ilegal e acarreta riscos sérios para as empresas, como coimas e processos laborais.

Como identificar situações irregulares e o que prevê a lei?

• O que é um contrato de trabalho?

Segundo o Código do Trabalho (Artigo 11.º), existe contrato de trabalho quando uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua atividade a outra pessoa, no âmbito da organização e sob a autoridade desta. Sinais típicos de um contrato de trabalho:

• Subordinação hierárquica (ex: ordens diretas do empregador)

• Horário definido pela entidade patronal

• Uso de equipamentos da empresa

• Local de trabalho fixo definido pela empresa

• Pagamento regular (mensal)

• Direito a férias, subsídio de Natal, férias e proteção social

Sinais tipicos de uma prestação de serviços?

Na prestação de serviços (ex: profissionais a recibos verdes ou através de ato isolado), o trabalhador é independente e não está subordinado à empresa.

Características típicas:

• Definição autónoma de horários

• Liberdade de escolha de métodos de trabalho

• Vários clientes em simultâneo

• Não tem direito a férias pagas nem subsídios

• É responsável pela sua contribuição à Segurança Social

Diferenciar Contratos Trabalho de Prestações Serviços
Diferenciar Contratos Trabalho de Prestações Serviços

O que são então “falsos recibos verdes”?

É quando uma organização usa a prestação de serviços para disfarçar uma relação laboral, muitas vezes para evitar encargos com impostos, Segurança Social e direitos laborais.

Exemplo:

Um “prestador de serviços” que:

• Tem horário fixo

• Trabalha exclusivamente para a mesma entidade

• Recebe ordens diretas do superior

• Recebe salário mensal fixo

É, muito provavelmente, um trabalhador por conta de outrem e deve ter contrato de trabalho.

Quais os riscos para a empresa?

Riscos legais:

• Ação inspetiva da ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho)

• Reconhecimento judicial do vínculo laboral

• Pagamento retroativo de salários, férias, subsídios e TSU

• Coimas elevadas (podem ultrapassar os €10.000)

Boas práticas

• Reavaliar frequentemente a natureza da relação profissional

• Formalizar contratos claros e adequados à realidade

• Evitar exclusividade ou dependência em prestadores de serviços

• Consultar regularmente o Código do Trabalho

• Formar os gestores e RH sobre vínculos legais

Evitar os falsos recibos verdes não é apenas uma obrigação legal — é uma questão de ética, transparência e valorização dos trabalhadores. Se a sua empresa ainda opera com prestadores que podem configurar vínculos laborais, este é o momento certo para regularizar e prevenir litígios futuros.